Uma medida simples e barata acabou com as frequentes erosões numa pequena propriedade rural às margens da Rodovia Marechal Rondon, na cidade de Botucatu. Depois de sofrer vários anos com prejuízos à sua propriedade e sem poder fazê-la produzir, há cerca de cinco anos seu proprietário decidiu recolher os pneus velhos depositados em borracharias e nas propriedades vizinhas e usá-los para a contenção dos desmoronamentos de terras em sua chácara.
A medida consiste na sobreposição dos pneus nas áreas atingidas pela erosão, através de amarração, e o seu preenchimento com terra ou qualquer outro produto que não gere danos ao meio ambiente, garantindo uma maior estabilidade à pilha de pneus. Quanto maior o diâmetro dos pneus, melhor o resultado, daí a preferência por pneus de veículos grandes, como caminhões e máquinas agrícolas. Árvores também podem ser plantadas nas proximidades para dar maior sustentabilidade ao projeto.
A ideia está sendo proposta pela vereadora Sebastiana Maria Ribeiro Tavares de Camargo (DEM) aos departamentos municipais de Obras e Meio Ambiente como forma viável e rápida de se conter erosões em áreas do lago artificial, do Córrego Parati e região do bairro Três Marias. Na manhã desta quinta-feira (15), a vereadora esteve em Botucatu para conhecer o projeto e constatou que assim como nas áreas em que erosões estão colocando em risco a segurança de motoristas e pedestres bebedourenses, naquela cidade o solo é composto por uma grande quantidade de areia, que contribui para o agravamento do problema, mas que nem por isso a medida deixou de apresentar resultados positivos.
“São medidas simples que podem resolver problemas que incomodam de forma grandiosa o Poder Público e as várias pessoas atingidas pelos desmoronamentos”, avaliou Sebastiana Camargo, destacando ainda que a ação proporcionará uma nova destinação aos pneus velhos, que muitas vezes só servem como criadouros do mosquito da dengue.
Sebastiana espera também sensibilizar as ONGs ligadas ao meio ambiente, Defesa Civil, Conselho Municipal do Meio Ambiente e Promotoria de Justiça para que a medida possa ser implantada em Bebedouro, mesmo que a título de experiência.
Mais inovações
Com aproximadamente 120 mil pneus sem condições de rodagem ou de reforma (inservíveis), foi possível recuperar uma erosão de cerca de 300 metros de comprimento, por 10 de largura e 4,5 de profundidade, na região de Piracicaba, São Paulo. O projeto piloto teve coordenação do professor Gerd Sparovek, do Departamento de Solos e Nutrição de Plantas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP de Piracicaba. A pesquisa, inédita no Brasil, começou em 1998 quando Sparovek foi procurado por representantes da Cetesb e da Prefeitura Municipal de Piracicaba. Era necessário encontrar um destino adequado para os pneus inutilizados, já que o depósito em que estavam estocados seria devolvido ao proprietário.
A Prefeitura identificou uma erosão em um sítio nas imediações da cidade e a Cetesb acompanhou o projeto. Os pneus, inteiros, foram colocados manualmente dentro da erosão. Uma camada de terra, retirada ao redor da própria erosão, foi colocada por cima, de modo a deixar os pneus totalmente "enterrados".
A pesquisa previa o preenchimento da erosão, o plantio de capim e o reflorestamento do local. "Agora falta apenas completar a terceira etapa com o plantio das árvores", disse Sparovek. Segundo ele, a técnica representa uma alternativa a mais para a destinação final de pneus. "Ela apresenta benefícios ambientais diretos, pois recupera uma área erodida e auxilia na recuperação de florestas", afirma.
Impacto ambiental
De acordo com o engenheiro agrônomo Dauton Marcelo Cappi, o pneu é um material cujo tempo de decomposição na natureza é indeterminado. Para avaliar se ele causa algum tipo de dano ao solo ou ao lençol freático, Cappi pesquisou o tema em seu mestrado por meio de simulações em laboratório. O estudo foi orientado por Sparovek e foi apresentado em 2004 na Esalq.
O pesquisador trabalhou com 40 colunas de tubo PVC preenchidos com camadas de solo, pneu picado misturado com solo, e uma última camada de solo. Durante 120 dias, os tubos foram umedecidos com água destilada. O líquido drenado passou por testes para detectar a presença de metais pesados (zinco, cobre, manganês e ferro). "No geral, a liberação desses metais ficou muito abaixo dos índices estabelecidos pela Cetesb", conta o engenheiro. Após os 120 dias, as colunas foram desmontadas e o engenheiro analisou o material para saber se o solo adsorveu (reteve) os metais. "O teor de zinco foi um pouco alto, mas não chegou a atingir os valores indicados pela Cetesb", explica.
Em seguida, Cappi colocou o material em vidros hermeticamente fechados, durante 80 dias (teste de respirometria). O procedimento indica se a presença do pneu no solo interferiu em sua microfauna (microbiota). "Esse teste serve de alerta, pois em um solo contaminado, não há respiração dos microoganismos", conta. Os resultados foram positivos, pois indicaram um estímulo ao crescimento da microbiota.
Publicado em: 11 de novembro de 2009
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Categoria: Notícias da Câmara
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